Como os primeiros desafios moldaram minha forma de pensar serviços.

Quando comecei minha jornada como Service Designer, não tinha ideia do quanto seria um processo totalmente diferente do que desenvolvi ao longo da minha carreira na área comercial.
Esse período de transição para UX foi um mergulho profundo em aprendizados, descobertas e de encontrar meu próprio processo de design.
Por isso, gostaria de compartilhar alguns aprendizados valiosos desses 60 dias que podem ajudar outras pessoas que também estão iniciando:
1. É muito mais sobre pessoas do que processos escritos em pedra
Logo nos primeiros projetos percebi que o grande diferencial está em entender as pessoas: suas dores, expectativas e contextos.
Embora os frameworks sejam ferramentas poderosas, só ganham vida quando conseguimos traduzir experiências reais em soluções que façam sentido. No começo, eu iniciava uma tarefa sempre em busca do “melhor” modelo ou ferramenta, muitas vezes indo além do necessário para a entrega, o que tornava o processo quase infinito. Foi a partir dos feedbacks das minhas colegas de equipe que percebi algo essencial: antes de começar qualquer coisa, a primeira pergunta deveria ser “por que essa tarefa existe?” ou “qual problema/dor estamos tentando resolver?”
Por exemplo, ao conduzir um discovery sobre agendamento e mapear relatórios de bugs, eu acreditava que já tinha entendido o problema e até cheguei a propor soluções precipitadas. Porém, percebi depois que faltou uma investigação mais profunda e, principalmente, ouvir pessoas de outras áreas para embasar melhor minhas hipóteses.
O que quero destacar é que, ao iniciar na carreira de Design, muitas vezes carregamos vícios de processos automáticos e repetitivos de experiências anteriores. Mas nessa área é diferente: é um campo criativo, em que temos liberdade para construir caminhos próprios, isso é desafiador, mas animador também, porque podemos seguir com diversos caminhos diferentes e colaborar com muitas equipes ao mesmo tempo.
2. É mais importante perguntar e observar do que conseguir respostas rápidas e concluir atividades
No começo, existe aquela ansiedade em querer “resolver tudo”, que me fazia propor soluções de imediato. Isso ainda acontece em alguns momentos, mas sinto que encontrei um ritmo de trabalho mais estabelecido agora.
Na área de Service Designer, entendi que é necessário ouvir, observar e se aprofundar nos problemas antes de propor qualquer caminho.
A melhor contribuição muitas vezes é criar espaços e dinâmicas onde a própria equipe e usuários tragam insights.
3. Aprenda a pedir ajuda e não tenha medo de iniciar algo novo
Ser júnior é entender que nosso conhecimento ainda é limitado.
Nesse início, acabei me cobrando muito com outros níveis de entrega de pessoas mais experientes. Mas entendi ser importante respeitar meu ritmo e continuar contribuindo com a equipe.
É normal os níveis de entrega serem diferentes, mas a boa notícia é que podemos ter a mesma intensidade de busca em aprender e evoluir mesmo em um nível iniciante.
Se permita errar, aprender e pedir ajuda, nesse início, contar com o apoio da equipe foi essencial para que eu me sentisse mais confortável com os novos aprendizados.
4. O trabalho de designers não é linear
Na prática, o trabalho acontece em idas e vindas: testamos, erramos, ajustamos e retomamos, é como se fosse um ciclo de descobertas e ajustes.
Aprendi que esse movimento não significa uma falha, mas é parte essencial na construção e entendimento do meu próprio processo de trabalho.
É necessário paciência e constância.

5. Colaboração é a chave
Descobri que um serviço não se cria sozinho.
O que mais desenvolvi nesses 60 dias foram demandas em conjunto com outras áreas: tecnologia, atendimento, produto… Isso ampliou a minha visão e mostrou o quanto o design se conecta com diversos olhares e perspectivas diferentes.
O papel de designers muitas vezes é ser a pessoa facilitadora e aproximar os times.
6. Existe um diferencial naquilo que estudamos
Antes de começar na carreira de UX, eu acreditava que qualquer pessoa poderia ter uma noção dos termos da área, conduzir dinâmicas (comunicação) e até questões como acessibilidade na escolha de cores e fundos.
Mas, ao ingressar de fato nesse universo, percebi que os estudos e aprendizados que acumulei antes da experiência se tornaram um diferencial em relação a quem não é da área.
Muitas vezes quando estamos fora de UX em outros cargos temos a impressão de que opinar sobre design é simples. Agora, estando na área entendo que por trás de cada decisão existem horas de estudo, pesquisa e dedicação, tudo isso deve ser muito valorizado e visto como diferencial quando comunicamos com outras equipes.
7. A importância de cuidar da experiência do time
Atuar com Service Design me mostrou que nosso trabalho não é só com o cliente final, mas também com os clientes internos.
Quando mapeamos jornadas e processos, é possível melhorar o dia a dia de quem colabora conosco em tornar um produto mais acessível e impactante para o cliente final.
Por exemplo, comecei a trabalhar em uma tarefa relacionada ao relatório de bugs e como foi importante entender os pontos de fricção e trabalhar em conjunto com diversas áreas, percebi que esse ajuste interno sem dúvida vai impactar quem usa o produto na ponta, é um efeito cascata.
8. Respeite seu tempo, a prática é o melhor aprendizado
Cursos e livros são extremamente importantes porque criam bases sólidas para aplicarmos no dia a dia. Como designers precisamos estar em constante movimento em busca de conhecimento.
Mas, em dois meses, aprendi muito mais por experimentar, errar e ajustar.
O que era muito difícil nas primeiras semanas, agora em dois meses, se tornou mais fácil.
O importante é lembrar o quanto somos adaptáveis e que tudo é questão de tempo!
Service Designer é sobre cultivar empatia, escutar com atenção, facilitar diálogos e desenhar soluções que tenham impacto real na vida das pessoas.
Tem mais alguma dica que você daria? Vamos trocar mais ideias aqui nos comentários ou até se conectar no LinkedIn.
Espero que esse conteúdo ajude na sua jornada. Até mais!
Referências
- O que é Service Design? — Fabricio TeixeiraPrimeiros passos no Design de Serviços: Um kit incompleto de sobrevivência para quem está começando na área — Fabricio Gimenes6 Princípios do Design de Serviços Para Alcançar Clientes online — Tera
O que aprendi em 60 dias como Service Designer Júnior was originally published in UX Collective 🇧🇷 on Medium, where people are continuing the conversation by highlighting and responding to this story.
